domingo, 31 de janeiro de 2016

   Sesimbrenses ilustres
Joaquim
Brandão
                                  

Joaquim Preto Brandão nasceu em Sesimbra, filho de José Maria Brandão e Maria da Arrábida Preto. O pai era tesoureiro da Câmara – uma ocupação que obrigava a ter meios próprios e oferecer bens em garantia. Era um proprietário suficientemente importante para que chamassem "Largo do Brandão" ao largo próximo das suas propriedades, o qual tem actualmente a designação de Largo de Bombaldes. A rua que parte deste largo, na direcção nascente, tem precisamente o nome de Joaquim Brandão.

Casou-se em Setúbal em 29 de Dezembro de 1904; tinha então a profissão de guarda-livros (contabilista) da casa comercial Izidoro dos Santos & Ct. Por volta de 1912 estava estabelecido como solicitador, também em Setúbal.

Na sua juventude rumou para Setúbal, onde se destacou nas lides jornalísticas. "O Jornal de Cezimbra" de 14 de Janeiro de 1900 refere-se-lhe como "O bizarro poeta Joaquim Brandão, um dos novos cezimbrenses de mais brilhante futuro literário (…) redige, com Luciano de Carvalho, o semanário conceituado "A Folha de Setúbal".

O jornalismo foi uma das suas actividades mais permanentes: participou na redacção do número único de "Arrábida" (1899), no "semanário democrático" "O Sul" (1901-1902) e em duas séries de "A Folha de Setúbal", periódico do qual chegou a ser director.

Mas foi na política e no exercício de funções públicas que se viria a destacar. Em Setúbal, envolveu-se com o movimento republicano, e foi um dos fundadores do Centro Republicano daquela cidade. Em 1897 fez parte da comissão instaladora da Associação de Classe dos Empregados no Comércio, de Setúbal e há notícia de, em Janeiro de 1905, ter participado nas festas daquela Associação, num espectáculo em que foi lido o seu poema "Os Oprimidos".

Em Abril de 1908, o jornal "O Distrito" referia a participação de Joaquim Brandão em comícios em Palmela e Setúbal, afirmando que "quem deu a nota cómica foi o secretário da mesa, sr. Joaquim Brandão, que é presidente da direcção da «Real Associação dos Bombeiros Voluntários», apresentando uma moção em que se convida El-Rei a resignar o seu cargo para facilitar o advento da república". Para além da sua intensa actividade em Setúbal, também apoiou activamente os republicanos de da sua terra natal, participando em muitas das suas iniciativas.

Após a implantação da República, Joaquim Brandão participou na Comissão Administrativa da Camara de Setúbal, como seu presidente. Quando, em 1911, se deu a divisão dos republicanos entre três partidos (Evolucionista, Unionista e Democrático), Joaquim Brandão optou pelas hostes evolucionistas, tal como aconteceu com o Centro Republicano de Sesimbra. Na década de 1920 aderiu ao Partido Republicano Nacionalista, de feição mais conservadora.

Entre 1911 e 1926, foi eleito deputado por Setúbal. No Parlamento pugnou pela criação da Junta Autónoma das Obras do Porto e Barra de Setúbal, de que viria a ser vice-presidente, e pela elevação do Liceu de Setúbal a Liceu Nacional. Foi também autor do primeiro projecto-lei para a criação do distrito de Setúbal. Foi chefe de gabinete dos ministros Jorge Nunes e António Granjo, funções em que teve um papel determinante para que se levassem cabo as obras do primeiro molhe do porto de abrigo de Sesimbra.

Joaquim Brandão faleceu a 22 de Outubro de 1927, tendo recebido homenagens de todos os sectores da sociedade e de diferentes orientações políticas. No seu funeral usaram da palavra, entre outras individualidades, o tenente-coronel João Tamagnini Barbosa, do Partido Republicano Nacionalista, o ministro Jorge Nunes; o Dr. Manuel da Costa Júnior, representante do Partido Republicano Português de Sesimbra, e Lino Correia, em nome do Centro Republicano Nacionalista dr. Leão d'Oliveira, de Sesimbra.
João Augusto Aldeia